segunda-feira, 23 de junho de 2008

Um desabafo sincero


Eu estou cansado!
Você já deve ter ouvido essa frase essa semana, ou até mesmo deve ter dito essa mesma frase hoje. Embora seja comum, e tão corriqueira que consiga passar despercebida num papo informal, numa conversa de esquina (coisa rara isso), ela deve causar em nós algum tipo de reação.
Mas como reagir se estamos cansados?
Vivo repetindo, como uma vitrola com um disco arranhado, que a crise e a dificuldade é que produzem em nós algum tipo de sentimento decente. Pois é fácil viver enquanto tudo caminha bem. E quando tudo não caminha bem?
A minha confissão do "estar cansado" não me transforma em alguém mais fraco e incapaz, pelo contrário, apenas consigo colocar numa frase um sentimento de certa impotência e de um cansaço que não se restringe somente ao físico. Da arrogância de se achar independente, a uma dependência que me fortalece.
Converso vez ou outra com alguns de nossos jovens. Tem sido assim os últimos tempos. Como uma espécie de "pesquisa não ensaiada e despropositada" vou tentando entender se o fenômeno da falta de tempo e do excesso de atividades é uma peculiaridade somente minha. Sei que não é e descubro nesses pequenos bate papos de escada que estamos todos nessa ciranda.
Estou preocupado, confesso! E minha preocupação passa pela responsabilidade de quem resolveu remar contra essa maré, e tentar mesmo que com deficiência ser um facilitador, um cara bom de ouvidos e sobretudo sensível às dificuldades dos meus irmãos.
Estou cansado mas não entregue. Cansado porque o tempo que disponho pra investir naquilo que me faz feliz é pouco.
Depois de certo tempo "inventar" de fazer uma faculdade, administrar emprego, as atividades na igreja e usar sabiamente o tempo pra família tem sido uma tarefa que me faz repensar todos os dias. Onde será que eu tenho falhado? E onde posso ser melhor?
Não é feio admitir estar cansado, e no meu caso, o faço por sinceridade e zelo. Por que creio que na dificuldade escancarada é que somos abraçados e acolhidos por aqueles que compartilham conosco sobretudo amizade. E sinto falta disso: Amizades sinceras.
Vejo exemplos fragmentados de relacionamentos sadios, mas que parecem fechados. Meu conselho é pra que se abram e permitam que novos corações façam parte dessa festa. Amizade nesse mundo egoísta é coisa rara, e em nosso meio precisa sobrar e não ser escassa como tem sido.
Não vou mentir, estou mesmo cansado, porém esperançoso. Compartilho nas conversas de corredores com um e com outro a loucura que tem sido minha vida. E logo eu que tanto prezo pelo tempo da reflexão e da decisão bem pensada, as vezes me sinto sucumbido pela corrida desenfreada e famigerada ao "sucesso".
Não é isso que quero. Não foi com isso que sonhei. Quero sim, ter tempo pra investir em conhecimento, aprender pra poder compartilhar, estudar pra poder (se possível) ensinar e dividir com sabedoria algo que seja relevante na vida de quem me cerca. Conhecimento por conhecimento realmente não tem valor algum.
Hoje é apenas segunda e estou confessando um cansaço estranho, você pode pensar, mas é verdadeiro. Mesmo sendo assim, estou decidido a permanecer obstinado pelos propósitos de Deus no meu coração.
Aqui nessa terra até onde vamos juntos eu não saberia responder, mas sei que a caminhada (mesmo cansativa) valerá a pena!

Um abraço sincero do amigo, Tiago Alves

Um comentário:

Eu vos escrevi... disse...

Tiago,
Belíssima mensagem... certamente não existe "Derrota" para quem luta até o fim e lutar, já é fazer valer a pena... Deus Abençoe, forte abraço.

Silvinho