quarta-feira, 30 de abril de 2008

Voltando ao Primeiro Amor

Há alguns anos atrás fui ao supermercado fazer uma pequena compra. Não era o que poderíamos chamar de “compra do mês”, era só uma “comprinha” daquelas para as necessidades de um ou dois dias. Portanto, saí com uma certa quantia em dinheiro e fiz questão de calcular os preços dos produtos que comprava de modo a não exceder o valor que tinha em mãos. Quando passei a mercadoria no caixa, sobrou um pequeno troco, não me lembro o valor exato, mas eram apenas moedas. Então perguntei para o caixa se aquele valor dava para comprar algum chocolate, pois pensei em levar algo para minha mulher e meus filhos. Fui informado que com aquela quantia só conseguiria comprar três unidades daquele chocolatezinho em forma de bastão, o “Batom”, da Garoto, e foi exatamente o que fiz.

Quando entreguei os chocolatezinhos na mão dos meus dois filhos, Israel e Lissa, eles fizeram a maior festa. Achei que conseguiria causar a mesma boa impressão em minha esposa, a Kelly, mas para meu espanto a reação dela foi me dizer: "Que decadência!"

Levei um susto com a frase dita e com o olhar de censura recebido. O olhar do Dom Juan e o chocolatinho não haviam produzido resultado algum em minha tentativa de agradar minha esposa.Então disparei: "Do que é que você está falando, mulher?"

Ela nem titubeou para responder: "No início, quando começamos a namorar, você me tratava a base de bombons da Kopenhagen. Depois que noivamos você começou a aparecer com caixinhas de bombons sortidos da Nestlè. Quando nos casamos você começou a trazer os “Sonhos de Valsa” da Lacta. E agora “Batom”... Onde é que isto vai parar?"

Caímos na gargalhada com o protesto da Kelly. Mas depois percebi que ela não havia brincado. Comecei a repensar minha dedicação em agradá-la e concluí que ela estava certa. Eu ainda a amava, não achava ter perdido isto, mas as coisas deixaram de ser como no começo.

É claro que uma relação amadurece e nem tudo será sempre como foi no começo. Poderia dizer muitas coisas que melhoraram ao longo dos anos, mas o fato é que neste aspecto específico (expressar valor e carinho) eu havia decaído em relação ao que já havia sido antes. Chocolates populares também são gostosos, mas não são românticos.

Pedi perdão para minha esposa e prometi resgatar aquilo que havia deixado de lado. E claro, tratei de fazer o que devia: voltei a dar bombons da Kopenhagen novamente!

Se isto acontece no nível de relacionamento humano, natural, também acontece no plano espiritual. Da mesma forma que perdemos a paixão e a intensidade de nosso amor por deixar se envolver na rotina de um relacionamento com pessoas que realmente amamamos, também acabamos deixando que a relação com o Senhor sofra desgastes. E o Deus que nos chamou à uma relação de amor total não aceita isto. Ele protesta e pede de volta aquilo que perdemos.

Nas visões do Apocalipse, que o apóstolo João recebeu na Ilha de Patmos, o Senhor lhe confiou algumas mensagens às Igrejas da Ásia. Na carta endereçada à Igreja de Éfeso, o Senhor Jesus protestou acerca da decadência de amor que a Igreja vinha apresentando. Ele protestou a perda do que denominou como o primeiro amor:

“Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. (Apocalipse 2.2-5)
Por Luciano Subirá
Extraído do site www.orvalho.com

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